quarta-feira, 13 de maio de 2015

CEF cria fila para novos empréstimos de financiamento imobiliário

A Caixa Econômica Federal criou uma "fila de espera" para atender a novos pedidos de empréstimo imobiliário que usam dinheiro da poupança, principal fonte de crédito do setor e que vem sofrendo saques neste ano. O banco nega que tenha suspendido a concessão, mas admite que fez ajustes nas cotas de recursos e nas taxas dos empréstimos. Cada agência ou regional tem uma cota de dinheiro para o crédito imobiliário. Aquelas que já emprestaram todos os recursos orientam aos clientes a procurarem outra unidade ou a aguardarem até que possa encaminhar o pedido. Não há previsão para a liberação de novos recursos. Segundo gerentes da Caixa ouvidos pela Folha, a "fila de espera" dura cerca de um mês. A reportagem percorreu cinco agências do banco em São Paulo nesta terça (12). Três agências informaram que não tinham mais dinheiro para novos empréstimos. Uma agência afirmou que segue encaminhando as propostas normalmente. Outra afirmou que nada mudou, mas que a última operação saiu no início deste mês. O problema maior está com os correspondentes bancários da Caixa que já teriam pré-aprovado o financiamento de alguns clientes (muitos até já teriam pagado a entrada do imóvel), mas que o crédito não saiu do papel e não há previsão de liberação. Até fevereiro, o banco ainda trabalhava com um sistema on-line que permitia aos correspondentes pré-aprovarem os financiamentos. Desde março, todos os financiamentos passaram a ser analisados caso a caso, sendo que vários não são nem aprovados nem recusados; ficam a espera de recursos. Financiamentos com valor acima de R$ 400 mil são inviáveis, segundo gerentes. De janeiro a março, a Caixa perdeu R$ 7 bilhões em depósitos (30% do total das poupanças no país). Os bancos têm por obrigação aplicar 65% do dinheiro da poupança no setor imobiliário. Quando há mais recursos disponíveis, fica mais difícil cumprir essa exigência –o dinheiro não emprestado vira depósito compulsório. Em janeiro de 2013, o cumprimento dos bancos em geral estava em 66%. Um ano depois, subiu para 71%. Na Caixa, passou de 63% para 68%. A Folha apurou que a Caixa esperava uma desaceleração na demanda por crédito, mas se surpreendeu com o ritmo de perda de recursos da poupança. Segundo o BC, o saldo da poupança na Caixa cresceu 12% nos últimos 12 meses encerrados em janeiro de 2015 (dado mais recente). No período, a aplicação de recursos dentro das exigências do BC aumentou 21%. Nos demais bancos, o saldo da poupança cresceu 11%, e os desembolsos, 20%. A captação por letras e cédulas hipotecárias aumentou 55% no período.

Editoria de arte/Folhapress